E democracia ajuda em quê?

Sempre repetimos esta pergunta de formas diferentes, mas sempre buscando alguma maneira de entender por que diabos um grupo de atenienses no ano de 509 AEC criou um sistema de relações entre as pessoas que nos impacta tanto até hoje?

Depois do fim da segunda guerra mundial, quase como um consenso no mundo civilizado, a democracia se mostrava como a melhor maneira de conduzir um país (como regime de governo) de forma a atender os anseios de liberdade das pessoas comuns e desenvolver aquele estado-nação em parâmetros econômicos e sociais. Pelo menos era o que se esperava. Era um mundo pouco complexo: Democracia, bom. Autocracia, ruim. Tudo aquilo que se podia associar com democracia era bom e o que aderia à autocracia era ruim. Um mundo sem discussão. A não ser pelos conflitos entre os extremos apresentando que a sua visão de mundo era melhor que a outra e a outra seria o fim da humanidade. Guerra fria instalada. Todos felizes do seu lado do muro. Mundo fazendo sentido para todos.

Eis que cai o Muro de Berlin e as hipóteses sobre o futuro (mais conhecido como o presente em que vivemos) começam a ser formuladas. A hipótese mais recorrente era de um futuro onde todos os países seriam democráticos.

Corta para hoje e a resposta é: hipótese não validada. Temos hoje cerca de 1 bilhão de pessoas em mais de 7 bilhões que vivem em uma Democracia Liberal, segundo o Regimes of the World de 2016 do V-Dem Institute. O restante vive em democracias eleitorais, autocracias eleitorais e autocracias fechadas.

A vida pós-muro nos mostrou que autocracias podem dar casa, comida e roupa lavada. Sugiro neste ponto a leitura do artigo “Os últimos 30 anos na política mundial: o que mudou?” de Francis Fukuyama no Journal of Democracy de 20 de janeiro de 2020, publicado no site Dagobah.

Então por que diabos a Democracia? Por que ainda a perseguimos?

Vamos a algumas hipóteses:

1) Países com PIB per capita maior são os mais democráticos.

2) Países que mais respeitam minorias são os países mais democráticos.

3) Países mais democráticos possuem um IDH mais alto.

4) Países mais democráticos tem um índice de felicidade maior.

5) Países mais democráticos tem um GCI (Índice de Competitividade Global) mais alto.

6) Países com mais liberdades civis são países mais democráticos.

7) Países mais democráticos tem menos ataques à liberdade de imprensa.

8) Países com mais acesso à conexões de internet per capita tendem a ser os países mais democráticos.

9) Países com menor percepção de corrupção tendem as ser os países mais democráticos.

Para testar as 9 hipóteses utilizamos 4 índices de medida de democracia. Lembrando que democracia pode ser medida por um continuum de nenhuma democracia (autocracia) até o máximo de democracia. Os índices são

A) EIU Democracy Index, da The Economist Intelligence Unit (2019).

B) Índice de Democracia Liberal (libdem) do V-Dem Institute da Universidade de Gotemburgo (2019).

C) Score agregado do Freedom House (2019).

D) DeMax Valor Total do Democracy Matrix (2019).

Cada uma das hipóteses acima foi testada pelos seguintes índices:

1) Pib per capita (PPP) do Banco Mundial (2019).

2) Discriminação e violência contra minorias, do Índice de Progresso Social (2019).

3) Índice de Desenvolvimento Humano do PNUD (2019).

4) World Happiness Index, do World Happiness Report (2019).

5) Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial (2019).

6) Índice de Liberdades Civis do EIU Democracy Index, da The Economist Intelligence Unit (2019).

7) Ataques à liberdade de imprensa do relatório do Reporteres Sem Fronteiras-RSF (2020).

8) Quantidade total de IP’s (Internet Protocol) do ip2location (2019) dividido pela População, World Bank (2019).

9)  Índice de Percepção de Corrupção, da Transparência Internacional (2019).

Como testar as hipóteses? Como validá-las ou não? Através de gráfico de dispersão com os 4 índices de democracia no eixo y e os 9 índices das hipóteses no eixo x vamos buscar as combinações que mais se aproximem de uma curva consistente, onde não haja uma grande dispersão dos pontos. Isso é medido por linhas de tendência que apresentam um coeficiente de determinação (R2) mais próximo de 1. Quanto mais próximo de 1, maior a correlação entre o índice e o índice de democracia. Na maior parte dos casos a constatação é visual. Mas entre aqueles que se assemelham a uma curva observamos o coeficiente de determinação para avaliar melhor as correlações.  

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Acompanhe os gráficos neste link, do Tableau.

Quais os resultados? 

Visualmente podemos notar uma correlação maior em Liberdades Civis (6), Ataques à liberdade de imprensa (7), IP per capita (8) e Percepção de Corrupção (9).  Mas vamos aos dados objetivos de coeficiente de determinação, por hipótese levantada. 

Hipótese 1) Países com PIB per capita maior são os mais democráticos.

Dados: Pib per capita (PPP) do Banco Mundial (2019).

Modelo da linha de tendência: Logarítmico

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,356

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,172

C) Freedom House: 0,220

D) DeMax: 0,215

Hipótese 2) Discriminação e violência contra minorias, do Índice de Progresso Social (2019).

Dados: Discriminação e violência contra minorias, do Índice de Progresso Social (2019).

Modelo da linha de tendência: Linear

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,243

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,211

C) Freedom House: 0,316

D) DeMax: 0,226

Hipótese 3) Países mais democráticos possuem um IDH mais alto.

Dados: Índice de Desenvolvimento Humano do PNUD (2019).

Modelo da linha de tendência: Linear

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,409

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,235

C) Freedom House: 0,309

D) DeMax: 0,278

Hipótese 4) Países mais democráticos tem um índice de felicidade maior.

Dados: World Happiness Index, do World Happiness Report (2019).

Modelo da linha de tendência: Linear

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,408

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,322

C) Freedom House: 0,394

D) DeMax: 0,317

Hipótese 5) Países mais democráticos tem um GCI (Índice de Competitividade Global) mais alto.

Dados: Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial (2019).

Modelo da linha de tendência: Linear

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,431

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,238

C) Freedom House: 0,345

D) DeMax: 0,306

Hipótese 6) Países com mais liberdades civis são países mais democráticos.

Dados: Índice de Liberdades Civis do EIU Democracy Index, da The Economist Intelligence Unit (2019).

Modelo da linha de tendência: Linear

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,921

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,785

C) Freedom House: 0,898

D) DeMax: 0,789

Hipótese 7) Países mais democráticos tem menos ataques à liberdade de imprensa.

Dados: Ataques à liberdade de imprensa do relatório do Reporteres Sem Fronteiras-RSF (2020).

Modelo da linha de tendência: Linear

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,640

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,704

C) Freedom House: 0,898

D) DeMax: 0,728

Hipótese 8) Países com mais acesso à conexões de internet per capita tendem a ser os países mais democráticos.

Dados: Quantidade total de IP’s (Internet Protocol) do ip2location (2019) dividido pela População, World Bank (2019).

Modelo da linha de tendência: Polinomial 3º grau

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,548

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,402

C) Freedom House: 0,463

D) DeMax: 0,468

Hipótese 9) Países com menor percepção de corrupção tendem as ser os países mais democráticos.

Dados: Índice de Percepção de Corrupção, da Transparência Internacional (2019).

Modelo da linha de tendência: Logarítmico

Coeficiente de determinação:

A) EIU Democracy Index: 0,588

B) Democracia Liberal V-Dem: 0,437

C) Freedom House: 0,571

D) DeMax: 0,573

Bem, de todas as hipóteses a que se mostra mais verdadeira é a que países com mais liberdades civis são países mais democráticos. Em segundo lugar fica a hipótese que países mais democráticos tem menos ataques à liberdade de imprensa. Em menor correlação mas com coeficiente de determinação acima de 0,5 temos a hipótese que países com mais acesso à conexões de internet per capita tendem a ser os países mais democráticos, o que reforça a ideia que conexões, que são necessárias para interações num mundo moderno para o contato com o mundo e com os outros são fundamentais para a democracia. E Não menos importante, a questão da percepção da corrupção também tem uma consistente correlação com a democracia. Isso valida a hipótese que países mais democráticos eliminam espaço para corrupção. Mas há também neste ponto exceções importantes também de países onde existem leis duríssimas contra a corrupção, mas que por outro lado não respeitam alguns direitos individuais.

Portanto, sobre cada hipótese:

1) Países com PIB per capita maior são os mais democráticos. Não validada.

2) Países que mais respeitam minorias são os países mais democráticos. Não validada.

3) Países mais democráticos possuem um IDH mais alto. Não validada. 

4) Países mais democráticos tem um índice de felicidade maior. Não validada.

5) Países mais democráticos tem um GCI (Índice de Competitividade Global) mais alto. Não validada.

6) Países com mais liberdades civis são países mais democráticos. Fortemente validada.

7) Países mais democráticos tem menos ataques à liberdade de imprensa. Fortemente validada.

8) Países com mais acesso à conexões de internet per capita tendem a ser os países mais democráticos. Validada.

9) Países com menor percepção de corrupção tendem as ser os países mais democráticos. Validada.

Conclusão

Concluímos aqui que democracia, como sugere o mundo pós-muro de Berlin, não garante melhores condições financeiras para um país ou estado, não é garantia de felicidade ou garantia de condições melhores de sobrevivência. A democracia apenas – e isso não é pouco – melhora as condições de convivência social. Se a humanidade chegou até aqui foi pela colaboração com o outro, foi com a ajuda e interação entre as pessoas comuns.  Isso pode ser demonstrado na verificação que o número de IP’s per capita está ligado em ordem direta ao índice de democracia. Está ligado ao conceito de Capital Social. Como disse o Augusto de Franco que escreveu livro sobre o tema, “a concepção de liberdade como interação política na pólis (e não apenas como ausência de coerção) é o que norteia o ponto de vista democrático”. 

Conclui-se ainda que uma democracia depende fortemente de uma imprensa livre, que possa investigar aquilo que eventualmente não seja do conhecimento da população.  Sem uma imprensa livre de ataques não há democracia. 

E por final uma democracia consolidada inviabiliza a corrupção, por ser impossível de se fazer algo que prejudique pessoas (interações e liberdades civis a impedem) e que a imprensa não possa investigar fatos e torná-los públicos.  

Democracia é tudo isso.

Podcast Ep 12 | Entrevista com Percival Milani

Mais um podcast em tempos de pandemia.
Dessa vez um papo muito bom com o Percival Milani, que em 2003 atravessou a nado o Canal da Mancha. Isso mesmo. 
Quer saber como é uma travessia dessas? Vem ouvir a história dele.

Links:
Site da travessia e link para o livro: www.canaldamancha.com
Blog da travessia do São Francisco: 170kmnovelhochico.blogspot.com
email: percival.milani@gmail.com

Podcast Ep 11 | Entrevista com Luis Rasquilha

Podcast em tempos de pandemia.

Entrevista com Luis Rasquilha sobre o mundo que as empresas irão encontrar na saída do túnel da quarentena. Como se adaptar a este novo mundo?

Luis Rasquilha: www.linkedin.com/in/lrasquilha/

Inova Consulting: www.inovaconsulting.com.br

Inova Business School: www.inovabs.com.br

Podcast Ep 10 | Entrevista com Augusto de Franco

Podcast em tempos de pandemia.

Entrevista com Augusto de Franco sobre as manifestações de 2013 e as atuais. O que tem de iguais e o que tem de diferentes.

CV do Augusto de Franco: humana.social/augusto-de-franco-bio-bibliografia/

Casa da Democracia: dagobah.com.br/projeto-casa-da-democracia/

Podcast Ep 9 | Entrevista Badu, Infodemia, Infotoxicação

Entrevista em tempos de pandemia. Entrevistei a Badu, Eliane El Badouy (minha esposa). Já que estamos em quarentena fechados dentro de casa, vamos trabalhando assim. A Badu falou sobre o fenômeno do Sleeping Giants no Brasil. Como era antes da mídia programática, como funciona a compra de mídia programática e quais os efeitos disso na sustentação financeira de sites de fake news e outros sites polêmicos.


A Badu é publicitária premiada, co-autora de 2 livros, professora, palestrante e conferencista, Pós-graduada em Marketing pela ESPM. 30 anos de carreira foram construídos em grandes grupos de comunicação como Editora Abril, Folha de S.Paulo e Sony Enterteniment Television e agências de propaganda de grande e médio portes. Atualmente é Pesquisadora do comportamento, comunicação, mecanismos de atenção e do consumo de mídia do jovem contemporâneo. 


A Badu é professora e coordenadora na Inova Business School, Unit faculdade e uma das consultorias da Inova Consulting.

Spotify: https://open.spotify.com/episode/5CthPrnspKgA4lXYp3Q4Ha

Apple Podcasts: https://podcasts.apple.com/us/podcast/podcast-ep-9-entrevista-badu-infodemia-infotoxica%C3%A7%C3%A3o/id1482992520?i=1000475642236

POR QUE AUTOCRACIAS TEM CONTROLADO MELHOR O COVID-19? OU NÃO?

Por que países autocráticos tem um resultado melhor no combate à pandemia do Covid-19? Por que países com níveis mais altos de democracia tem uma taxa de óbitos por milhão de habitantes tão maior que países autocráticos? O que há de ruim nas democracias?

Juntei alguns dados em um gráfico para avaliar se existiria uma correlação entre democracia e mortes por Covid-19. No início parecia bobagem, mas quando o gráfico estava montado surgiu para mim uma constatação intrigante. A de que possivelmente as democracias estão falhando no controle da pandemia. Se sim, quais os motivos?

https://public.tableau.com/profile/renato.cecchettini?fbclid=IwAR1eYTBvMc3Wt53JfgbXcbBWsw3Z0wiv-jDkMJtctHmiR0dbs4_VjrD6H4E#!/vizhome/DemocraciavsCovid-19/DemocraciabitosCasos

Investigando um pouco e passados já mais de 4 meses desde os primeiros casos de Wuhan na China, podemos eliminar algumas hipóteses. Podemos concordar que até agora não existe vacina, remédio ou terapia eficaz contra o vírus que se espalhou a partir daquela cidade chinesa. Portanto, não seria uma vacina secreta, um remédio secreto ou uma terapia secreta destes países que está trazendo melhor resultado para países autoritários. 

Apenas para deixar claro, o que estou analisando aqui são apenas os números reportados sobre o Covid-19 e não a doença causada por ele. A subnotificação ocorre em todos os países, porém por razões diferentes.

Vou enumerar algumas razões que talvez justificariam um controle maior da pandemia nas ditaduras: Maior controle sobre a movimentação de pessoas, restrições de movimentação e confinamento das pessoas contaminadas. Afinal de contas, os governos autoritários tem maior poder de controle sobre a interação de sua população. A tutela sobre o comportamento social é marcante, por exemplo na China, onde câmeras de vigilância, softwares de identificação facial e aplicativos de celular rastreiam todos os movimentos de cada cidadão. Situação essa que não acontece em democracias estabelecidas, onde as liberdades civis são muito maiores. Isso faz com que nas democracias, sendo o isolamento e o distanciamento a única solução para diminuição do cantágio, as pessoas decidam por sua própria escolha – quando possível – se distanciarem.

Uma outra hipótese é que quanto mais democrático é um país maior é a liberdade de imprensa e se torna muito mais difícil esconder da população a verdade sobre os fatos, mesmo sabendo da subnotificação. O princípio de transparência e os controles exercidos por várias instituições democráticas impedem um mascaramento do problema. Mesmo estimando as subnotificações. 

Há pontos fora da curva. Nos países democráticos com poucas mortes, como na Nova Zelândia que se fechou no momento certo e sendo uma ilha com população de menos de 5 milhões de habitantes (1/4 da Grande São Paulo) se conseguiu controlar melhor a pandemia. Assim como também existem países autoritários com muitas mortes, como o Irã que teve o início do contágio logo depois da China e possivelmente possa ter divulgado seus óbitos reais como forma inclusive de pressionar pela derrubada das sanções comerciais impostas pela Europa e Estados Unidos. Temos também valores de óbitos por milhão de habitantes no meio do gráfico (EIU Democracy Index entre 4,0 e 7,0) não tão distantes. 

O que vemos nestes gráficos em regra geral é que países autoritários dão a impressão de controle da pandemia enquanto os mais democráticos se perderam num pico que levou hospitais ao colapso. Qual o “segredo” das autocracias? 

Uma outra hipótese é uma possível profilaxia dos indicadores, não notificando ou não investigando as verdadeiras causas dos óbitos. Como não existe imprensa livre para pressionar os governos à transparência, instituições de pesquisa de saúde pública que sejam livres para reportar ameaças à saúde da população e outras instituições democráticas os números tenderiam a se perder na burocracia e ficarem menores.

Talvez nunca saibamos qual a hipótese é verdadeira dnetre estas ou outras que podem surgir. Mas penso que de qualquer forma é preferível um governo democrático que conta seus mortos e fala a verdade para a população do que um governo autocrático que mente sobre o controle sanitário com finalidade de controle, o que coloca a população ainda mais em risco. E por consequência dessa preferência chego a um entendimento de que a democracia é uma invenção humana e humanizante. Autocracias são o oposto disso. 

E você o que acha destes gráficos?

Dados dos gráficos:
– Eixo x (linear): EIU Democracy Index 2019 da EIU, variando de 1,00 a 10,00. Quanto maior mais democrático;
– Eixo y (logarítmico): Óbitos por Covid-19 por milhão de habitantes em 29/04/2020, obtido do Our World in Data; 
– Cores: Classificação de regime do EIU Democracy Index. Regime Autoritário, Regime Híbrido, Democracia com Falhas e Democracia Plena;
– Tamanho das bolhas:
primeiro gráfico: Casos de Covid-19 por milhão de habitantes do Our World in Data;
segundo gráfico: Índice de Liberdade de Imprensa 2020 do Repórteres sem Fronteira. Quanto menor, mais liberdade de imprensa.

Podcast Ep 7 | Nós e o CoronaVirus

Não seremos os mesmos. Podemos ser melhores.

Links:

Augusto de Franco, post: https://www.facebook.com/augustodefranco/posts/3177183558980487

Rubens Pimentel – Home Office: https://www.youtube.com/playlist?list=PLj_JMElLh1eCUIhXecQ84flrkrEXTDfvv

Vídeo WEF – Home Office: https://www.youtube.com/watch?v=MH6DLX6c16c

Trello: https://trello.com

Monday: https://monday.com/lang/pt/

Lecom BPM: https://www.lecom.com.br/overview-plataforma/?gclid=EAIaIQobChMIuZa6mpGq6AIVkoSRCh3GWw4NEAAYASABEgIv7PD_BwE

Tem Açúcar?: http://www.temacucar.com

aNiMi-Ci: http://www.fabianocastello.com/anime-se/

Cursos liberado Inova: https://www.inovabs.com.br/paulista/agenda/curso-aberto-gratuito-inovação-disruptiva?fbclid=IwAR2HKilbOJz_87CY_QLQlYI1ys95vQ_94sY8dkfeSiq5imSYsMPs-mFFWwY

Audible: https://stories.audible.com/start-listen?mi_cmp=21b6d7d8b2f846dc&mi_ecmp=486622220&mi_sc=t&mi_u=amzn1.account.AEKJD6Y5KHI76WYRH7265UGSESNA&fbclid=IwAR0JMmbNCq94JaXvL45cy0MzKkgut_mD5w3FTgR0rxelzQqpEa8E-2klM4s

Vídeos Jornada do Cliente: https://www.youtube.com/playlist?list=PLYfeQy78l-KeJsPdJpREsQyWfiI0hll4l

Radinho de Pilha: https://radinhodepilha.com

Raquel Marques: https://www.facebook.com/raquel.marques

Casa da Democracia: http://dagobah.com.br/projeto-casa-da-democracia/

Podcast Ep 6 | Canvas de Impacto do Negócio

Uma proposta que pode ser uma boa ideia: Podemos criar uma ferramenta para reduzir o impacto que um novo modelo de negócio pode gerar para um segmento de NÃO-clientes do meu negócio?
Se a maioria das soluções tecnológicas geram um impacto negativo, por que não pensar desde o começo como reduzir ou até eliminar esse impacto?
Quem estaria interessado em apoiar um projeto para redução do impacto, seja por responsabilidade direta ou por preocupação com o futuro do planeta ou das pessoas?

Ouça, se quiser.

Links:

Canvas de Impacto do Negócio: https://renatojcec.com/canvas-de-impacto-do-negocio/

Radinho de Pilha no Spotify: https://open.spotify.com/show/69nw6NiQZ7BnUYbvTPmyBP

Solucionismo Tecnológico: http://www.usabilidoido.com.br/a_ideologia_do_solucionismo_tecnologico.html?fbclid=IwAR1TtTzCrthXHjeCUD5FxzuIow3MA630tCXdzgrbI8qhxMN637-H9eSlqiY

The Evil List: https://slate.com/technology/2020/01/evil-list-tech-companies-dangerous-amazon-facebook-google-palantir.html

ISSO ESTÁ ERRADO!

Os índices de democracia e liberdade são apresentados por institutos sérios a cada ano. Muito mais importante que analisar em que ponto estamos é analisar em que caminho estamos. Todos os índices que temos disponíveis até agora são do ano de 2019 mas que refletem o período até 2018. Este ano de 2020 teremos os dados de 2019, o primeiro ano do governo Bolsonaro. Os dados costumam ser divulgados a partir do mês de fevereiro. 

Não será nenhum espanto se chegarmos a índices piores do que já estamos. Então me adianto ao que veremos e ouviremos para me contrapor antecipadamente a argumentos que irão surgir. 

1) Ah, mas os institutos são todos de esquerda! 
Não. Temos institutos como o EIU – The Economist Intelligence Unit, o Freedom House, o PEW Research, o Democracy Ranking, o V-Dem Institute da Universidade de Gotemburgo, o WVS World Value Survey, que fazem um trabalho excelente no levantamento dos dados e todos se alinham nas tendências dos países, variando apenas na metodologia de medição da liberdade, do funcionamento do governo e da democracia de cada país. 

2) Ah, a classificação caiu mas isso não quer dizer nada. 
Não. Como disse antes, o que importa mais é o caminho. Vivemos no mundo uma 3a. onda de autocratização. No Brasil não é diferente e digo que isso ficou bastante claro quando chegamos ao 2o. turno nas eleições de 2018. Ali dizíamos que o pior caminho seria uma escolha entre o PT de Lula e Bolsonaro. Ambas eram opções de demolição da democracia, cada um ao seu estilo. O PT sempre se movimentou para restringir o trabalho da imprensa, do judiciário e do legislativo. O mensalão e o petrolão não foram outra coisa que antipolítica. Agora conhecemos Bolsonaro, que antes era apenas um baixo-clero propondo vingança e agora sabemos que é o sinal invertido do PT. Mas não deixou de atacar a imprensa, o judiciário e o legislativo. Na defesa da Lava-Jato, se aproveitou do lavajatismo para criar o bolsonarismo, se apoiando em figuras exóticas que poucos conheciam e surgiram como supra-sumo da limpeza ética. Aí surgiu o bolso-olavo-jatismo, que ninguém sabe lidar com ele pois não tem como lidar. É só mais uma força da antipolítica. Estaremos ainda classificados como Democracia com falhas na EIU. Estaremos ainda classificados como Democracia Eleitoral no V-Dem. Ainda seremos um país livre na Freedom House. Porém teremos descido mais um ou dois degraus. E isso mostra uma direção perigosa que pode virar um tombo nessa escada. E tombo de escada costuma doer, machucar e demorar para se recuperar. 

3) Ah, quem mede isso está chutando.
Não. Não está. Estes índices são levantamentos do funcionamento de governos no mundo todo. Não há outra possibilidade de medição objetiva que não seja essa. Não existe um “hemograma” democrático que não seja esse. O negacionismo em várias áreas como mudanças climáticas provocadas pelo homem, esfericidade da Terra, etc – que são sustentados por apoiadores de ideias autocráticas – tem ajudado a questionar indicadores sérios. Por exemplo, o EIU Democracy Index mede a democracia de um país através de 60 quesitos e um deles é a resposta à seguinte pergunta:

16) O governo está livre de influência dos militares ou dos serviços de segurança?
1: Sim.
0.5: A influência é baixa, mas o ministro da Defesa não é civil. Se o risco atual é muito baixo, mas o país tem uma história recente de domínio militar ou golpes.
0: não

Como podemos responder esta pergunta hoje, se compararmos com governos anteriores?

E ainda esta:

40) Percepção da democracia e ordem pública; proporção da população que acredita que as democracias não são boas em manter a ordem pública.
1: baixo
0,5: moderado.
0: alta

Como estamos neste quesito em relação aos governos anteriores? Como você, no seu íntimo, responde à esta pergunta?

O V-Dem mede a democracia liberal de uma país com base em vários índices mas tentando responder à seguinte questão: “Até que ponto o ideal da democracia liberal é alcançado?”
Como você acha que estamos? Pior ou melhor que antes?

O Índice de Liberdade de Imprensa, do Repórteres sem Fronteiras mede as agressões a reportares e órgãos de imprensa, baseados no imperativo que a imprensa tem que ser livre para apontar os erros de qualquer governo. Ou, a imprensa existe para desvelar aquilo que um governante não gostaria que você tomasse conhecimento. O levantamento é feito através de um questionário que tem perguntas como:

B9
O poder político pressiona os anunciantes para que favoreçam determinados meios de comunicação?
Nota: os anunciantes são empresas, privadas ou públicas, que compram espaços publicitários para promover os seus produtos ou serviços. Sim (1) ou Não (2).

Como estamos em 2019 em relação aos governos anteriores?

Ainda:

C10
Nos últimos 12 meses, constatou as seguintes ações cometidas contra jornalistas por parte do poder político, econômico ou religioso, ou de grupos de interesse a eles relacionados? Qualifique a sua frequência nas escalas correspondentes, em que 0 representa a inexistência deste tipo de ações durante o dito período, e 10 representa uma repetição incessante deste tipo de ações. 
Ações: 
Denegrir publicamente;
Insultar publicamente;
Incitar o ódio;

Como estamos em 2019 em relação aos governos anteriores?

Um desejo que tenho é que negacionistas do retrocesso democrático em que vivemos assumam esse lado. Que passem a dizer “Está bom do jeito que está e não se importa se diminuir ainda mais”. Gostaria que deixassem de dizer que não existe diminuição da democracia. Se passassem a dizer isso ficaria mais claro que se quer algo em detrimento de minorias e que um grupo maior ou mais poderoso deveria ter mais direitos que uma minoria. É melhor se for mais específico, pois em queda estamos. Não há como negar. 

Por fim, não querendo ser visto como o pássaro de mau agouro e sim como alguém que se preocupa com a democracia e a liberdade das pessoas e investiga isso, digo que os números dos índices de democracia e liberdade a serem divulgados neste anos não serão bons e confirmarão sua tendência de queda. Isso é ruim. Não se deve abrir mão da liberdade em troca de bens materiais. Estamos enfrentando no mundo todo uma 3a onda de autocratização que chegou ao Brasil, que só não é pior devido às mãos levantadas que insistem em dizer que isso é errado. Eu levanto a minha.