Mais dinheiro traz democracia? Não! E mais democracia traz mais dinheiro? Não!
Mais liberdade traz mais dinheiro? Não! Mais dinheiro traz mais liberdade? Não!
Mais democracia traz mais felicidade? Não! Mais felicidade traz mais democracia? Não também!
Mas então por que democracia?
Estamos há algum tempo no PROJETO DEMOCRACIA trabalhando e estudando vários índices que possam medir a democracia de uma região. É um trabalho árduo onde ninguém ganha financeiramente nada com isso (o que para alguns amigos é um enigma). O fazemos porque achamos importante e para saciar uma curiosidade inerente à espécie humana. Buscamos fazer cruzamentos entre variáveis de fontes diferentes para buscar correlações interessantes e que não estejam muito claras, além de testar algumas hipóteses. Para isso trabalhamos com uma coleção de quase 20 índices de cerca de 200 países. Trabalhamos com índices como o Democracy Index da The Economist Intelligence Unit, com dados do V-Dem / Varieties of Democracy da Universidade de Gotemburgo, da Feedom House, PNUD da ONU, Pew Research entre outros.
Uma conclusão a que chegamos é que não há nada que prove que níveis de democracia maiores tragam vantagens financeiras, desenvolvimento econômico para uma população ou – recentemente estudado nos dados do IDH 2019 – nem desenvolvimento humano. Em muitos casos este problema é uma visão economicista que liga desenvolvimento humano (entre outros indicadores) à geração de riqueza (PIB per capita). Existem muitos outros problemas nestes índices. Quando se fala de saúde se mede em alguns casos a quantidade de serviços médicos por habitante. Só isso não garante que a população seja mais saudável, mas sim que esteja mais medicada. Quando se fala de educação se mede a quantidade de tempos de estudo. Só isso não mede a inteligência tipicamente humana de uma população. Democracia não tem nada a ver com estes indicadores, ou melhor, não se encontra uma correlação entre a democracia e estes indicadores. Então para quê democracia?
Uma correlação que conseguimos encontrar por regressões lineares é a relação entre liberdades civis e democracia. Isso se encaixa perfeitamente dentro do conceito de política de Espinoza, onde a finalidade da política não é outra coisa senão a liberdade. Hoje com os dados que temos podemos corroborar o seu pensamento. Para isso o Capital Social seria um excelente marcador. Porém é dificílimo obter sua medida.
O que realmente gostaríamos de encontrar é uma equação que nos desse uma métrica para obter a liberdade e o capital social de qualquer grupo social, esteja ele onde estiver. Esteja dentro de um país, de uma cidade, de um bairro ou até dentro de um condomínio, por exemplo. Partimos do pressuposto que Capital Social é a cooperação ampliada socialmente, ou seja, a capacidade de um grupo se modificar para encontrar uma solução em conjunto de um problema comum, sem a intervenção de uma instituição pública, de um governo ou empresa.
Eu, particularmente, sonho com uma espécie de tricorder da série Star Trek que pudesse medir o Capital Social de um ambiente. Porém é muito difícil encontrar uma medida objetiva disso.
Então o que é democracia? É uma instabilidade introduzida dentro de uma cultura patriarcal. Democracia como modo de vida é a constante desconstituição de autocracias e o nosso trabalho no Projeto democracia é, resumidamente, trabalhar na busca de um marcador para medida de democracia e liberdade, pois entendemos que não há uma razão de existência humana que não seja a liberdade.
Outro projeto derivado do Projeto Democracia é o Projeto Casa da Democracia. Este projeto parte de 5 constatações: 1) Não existe democracia sem democratas; 2) Os democratas sempre foram minoria e vão continuar sendo e estes têm que ensejar a formação de uma opinião pública democrática; 3) Democratas não são liberais apenas no sentido econômico do termo e sim liberais-políticos; 4) Tão poucos liberais-políticos como somos, não somos capazes de cumprir o papel de defender a democracia e 5) Na época em que vivemos a aprendizagem democrática é um imperativo. O objetivo é facilitar o surgimento de fermentadores da formação de uma opinião pública democrática através de 8 itinerários de aprendizado.
Concluindo: Mais democracia traz mais liberdade? Sim! Mais liberdade traz mais democracia? Sim!